23.7.12

Pinacoteca do Estado apresenta: Interior Profundo Mestre Júlio Santos - fotopinturas

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição Interior Profundo Mestre Júlio Santos – fotopinturas, com 120 imagens, coloridas, produzidas a partir de 1960, entre originais do acervo do artista, daguerreótipos, fotos restauradas e fotopinturas recentes, incluindo uma grande série feita especialmente para a exposição. Conhecido como um dos mais importantes artistas da fotopintura no Brasil, Mestre Júlio Santos (Fortaleza, CE, 1944) talvez seja o único artista vivo que tenha feito a transição, conservando a técnica da fotopintura tradicional para a era do Photoshop. Com curadoria e pesquisa de Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado e Rosely Nakagawa. 

Abertura dia 04 de agosto, sábado, a partir das 11h. Em cartaz até o dia 21 de outubro de 2012 

Interior Profundo Mestre Júlio Santos – fotopinturas

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição Interior Profundo Mestre Júlio Santos – fotopinturas, com 120 imagens, produzidas a partir de 1960, entre originais do acervo do artista, daguerreótipos, fotos restauradas e fotopinturas recentes, incluindo uma série feita especialmente para a exposição. Conhecido como fotopintor de retratos, Mestre Júlio Santos (Fortaleza, CE, 1944) começou a trabalhar com a fotopintura digital no início do século XXI, em sua própria oficina, o Áureo Studio. Além das imagens, a mostra traz também documentos e amostragens de modelos de roupas (em acetato) usados no trabalho das fotopinturas.

Foi na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) que reunia artistas como Aldemir Martins, Mario Barata e Estrigas, além de seu próprio pai, Didi, que Mestre Júlio começou a trabalhar, aos 12 anos de idade. Passou por todas as etapas da fotopintura: revelação, reprodução, ampliação, retoque, contorno, roupa e afinação. No início da década de 70, contribuiu para a reativação do Foto Paris, importante ateliê de fotopintura e estúdio fotográfico em Fortaleza. Em seguida, juntou-se a seu irmão Joaquim e a Antenor Medeiros (parceiro de seu pai Didi na fundação do Áureo Studio) para recuperar a oficina, formando sua própria equipe de profissionais com garotos de rua.

A fotopintura, ofício muito comum no início do século XX, pois se tratava do único um recurso disponível para complementar a imagem em preto e branco e torná-la mais “real”, tornou-se um modismo entre os álbuns de família dos anos 50. Outro uso muito comum da reprodução em fotopintura refere-se à sua capacidade de “eternizar” a imagem de um ente querido, já falecido, quando só restava uma fotografia já destruída pelo tempo, permitindo preservar a imagem guardada na memória e até retoca-la, se assim fosse o desejo do cliente.

O desaparecimento do papel e o surgimento da fotografia digital impactaram definitivamente o ofício de Mestre Júlio. O curador, Diógenes Moura, comenta: “Quando percebeu que teria de se reinventar, teve pânico. Mas decidiu que iria para a frente de um computador e que seria o melhor. Jamais imaginou que teria de aperfeiçoar sua técnica por conta da falta de materiais. Se antes, num estúdio como o de seu pai, havia cerca de quarenta profissionais trabalhando, entre eles ampliadores, contornadores, reprodutores, coloridores, retocadores, convexadores, coladores, afinadores, roupeiros e repassadores – o ponto final do processo criativo sobre o papel –, hoje o papel foi substituído pelo arquivo digital. O processo é o mesmo. As tintas são virtuais.

Aos 56 anos, no início dos anos 2000, Mestre Júlio Santos se renova e traz a tecnologia digital para transformar o negócio da fotopintura. E sentencia: Toda a paleta de cores que nós usávamos antes agora está dentro do computador. Até a borracha limpa-tipos está lá. O que acontece hoje é que o pessoal que trabalha com Photoshop usa o pincel para retocar. Sabe quando isso vai funcionar? Nunca. O que vai funcionar é a superexposição e a borracha. Dessa forma você poderá acentuar as feições de cada retrato e depois fazer os acertos nos olhos, no nariz, na boca. Com isso a alma de cada um continuará preservada. A alma da fotografia é mais viva que a nossa alma. Ela carrega um momento único. Nós somos capazes de envelhecer, a alma da fotografia não, ela está num santuário. É essa a posição. É por isso que sempre voltamos a reverenciar a fotografia de alguém a quem queremos bem. Uma fotografia não é um espelho. Diante de um espelho sempre queremos parecer jovens, matéria de consumo, cometemos os mesmos enganos. Diante de um espelho você não se perdoa, quer ser bonito, adorado, encantador, quando na verdade o tempo já lhe tirou essa possibilidade. Uma fotopintura é o avesso de tudo isso.

Até início deste ano de 2011, Julio Santos manteve desativado o seu ateliê de pintura a mão e dedicou-se somente ao processo via computador. Por sugestão do fotógrafo pernambucano Luiz Santos, a partir de março de 2011 iniciou o processo de reativação do ateliê de fotopintura com pincéis e tintas e, juntos, trabalham na criação do Museu Fotopintura Arte Contemporânea.

Pinacoteca do Estado – Praça da luz, 02 Tel. (11) 3324-1000 Aberta de terça a domingo, das 10h às 18h | R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia). Grátis aos sábados e às quintas

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