28.2.08

Impressões



Até o dia 15 de março a mostra Impressões, de xilogravuras de Camilo Thomé, fica em exposição na Passagem Cultural da Consolação. O artista reuniu 172 xilogravuras sobre papel e 6 sobre tecido produzidas na última década, que mostram seu olhar sobre a cidade de São Paulo e seus caminhantes. Estão lá a Estação da Luz e a da Barra Funda, o Elevado, a Praça da República, os camelôs, as babás, os feirantes...

Uma das principais características de Camilo Thomé é a não utilização de prensa. Gravadas manualmente em madeira maciça, até alcançar o resultado desejado, suas xilogravuras são intimistas e revelam detalhes: ora só da cidade, ora só das pessoas, ora de tudo entrelaçado. “Ultimamente a cidade de São Paulo ocupa o centro de minhas atenções. O grande número de pessoas com seus percursos e destinos influencia minhas impressões. Em contraposição, elas refletem este mundo aparentemente pequeno dos indivíduos, mas que requisita muita força diante da imensidão da cidade com seus obstáculos concretos”, comenta Camilo.

Nas xilogravuras da cidade Camilo imprime “os viadutos, pontes, ruas, e avenidas representando os vários caminhos e oportunidades oferecidos por uma cidade grande e, ao mesmo tempo, a constância dos perfis regulares funcionando como obstáculo”, explica. Nas impressões onde só aparecem pessoas Camilo trata dos conflitos que ora aproximam, ora distanciam os seres humanos uns dos outros. “O individual versus o coletivo. As exigências do sujeito e aquelas do grupo. Caminhantes, peregrinos, pedestres, passantes, transeuntes: seus rumos, rotas, caminhos, descaminhos, travessias, romarias, peregrinações”. E, na maior parte das xilogravuras, o artista imprime as pessoas e seu ser na cidade de São Paulo - no mundo, “sua individualidade e sua diversidade na multiplicidade, seus deslocamentos e sua inércia. Forças individuais que parecem somar, ou conflitar, com o coletivo. O trânsito fugaz e, ao mesmo tempo, cheio de significantes da pessoa e seu meio, de sua transitoriedade e sua significação no mundo. Assim, são labirintos, espirais, mandalas, mosaicos, rotas urbanas, a serem percorridos pelo sujeito”, analisa.

Nascido em Olímpia, no interior de São Paulo, em 1941, Camilo veio para a capital cursar o Colegial. A cidade desde então o fascinou. Fez Faculdade de Medicina em Ribeirão Preto e retornou a São Paulo após a residência médica. “Conciliar a profissão de médico e o intenso interesse pela pintura e gravura tem sido um constante desafio”, conta Camilo. Praticante de pintura desde os anos 60, no final dos 80 se iniciou na gravura sob orientação de Cezira Carpanezzi, Cláudio Mubarac e Alberto Martins. Já expôs seus desenhos, pinturas e xilogravuras em coletivas e individuais na Galeria de Arte do SESI, no Centro Cultural São Paulo, no Espaço Cultural do Banco Central do Brasil em Brasília e São Paulo, em mostras no Rio de Janeiro, Equador, Portugal, Nova York, Paris, Hanoi, Sidney e Tóquio, entre outros.

SERVIÇO - EXPOSIÇÃO
Impressões – Xilogravuras de Camilo Thomé
Passagem Cultural da Consolação (passagem subterrânea de pedestres da Rua da Consolação com a Avenida Paulista)
de 17 de fevereiro até 15 de março
2ª / 6ª, das 7h às 22h
sáb / dom / feriado, das 10h às 22h

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