4.2.09

Livro mostra a contribuição da arte para a clínica e a relação entre arte e loucura



Muitos usaram elementos da loucura em suas obras (Machado de Assis, Anita Malfatti e Lygia Clark); outros estudaram a relação entre arte e loucura (Freud, Jung e Mário Pedrosa); ou até foram considerados artistas loucos (Fernando Diniz, Abraham Palatnik e Arthur Bispo do Rosário). A verdade é que a arte e a loucura sempre caminharam juntas na história. No livro Arte, clínica e loucura – Território em mutação (248 p.p., R$ 51,90), lançamento da Summus Editorial, a terapeuta ocupacional Elizabeth Araújo Lima mostra como a arte se incorporou aos tratamentos, influenciado o estado mental do paciente. Para isso, ela recua no tempo e revela como se deu no Brasil a relação entre esses três elementos, abrindo espaço para repensar as práticas clínicas atuais, os impasses, os limites e as possíveis aberturas para novas direções.

Tese de Doutorado defendida em 2003 no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC – São Paulo, que mereceu apoio da Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a obra interessa tanto a psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, arte-educadores como a artistas que buscam conhecer os extremos do ofício e outras possibilidades das artes.

Partindo de várias experiências no campo da arte e da clínica, algumas já trabalhadas no Brasil, Elizabeth mostra como novos entrelaçamentos com as artes podem fornecer às práticas clínicas atuais os elementos para recuperação do paciente, extrapolando o domínio do patológico e das instituições de asilo. "As práticas com arte têm proliferado nos últimos anos, buscando a abertura da clínica em direção ao campo sócio-cultural”, afirma a autora.

Traçando uma nova perspectiva, a autora promove o diálogo com outros eventos contemporâneos dedicados ao aprimoramento do tratamento. "É uma pesquisa histórica que aborda a constituição do território no qual a prática clínica, estética e a experiência da loucura se atravessam”, define.

O livro aborda diferentes fases desse universo: a primeira trata do fim do século XIX, quando a clínica não tinha interesse na arte, embora o campo da arte já se interessasse pela medicina mental e pelos os estados mentais alterados. A segunda acontece nas primeiras décadas do século XX, quando as práticas ergoterápicas, a psiquiatria e a arte brasileira, entram em contato com o pensamento psicanalítico, fazendo emergir um campo que começa a contagiar artistas, clínicos e pacientes. A terceira se refere ao período das décadas de 1940 e 1950, quando apresenta uma importante inflexão no pensamento sobre as contribuições da arte para a clínica e sobre as relações entre arte e subjetividade.

"O leitor que se interessa por arte, por loucura ou pela clínica recebe um livro imperdível. Com delicadeza, Elizabeth Lima nos introduz à atmosfera cultural em que se foram tecendo conexões inesperadas entre alienistas, artistas, críticos, loucos, literatos”, avalia Pter Pál Pelbart, filósofo e ensaísta, professor do Departamento de Filosofia da PUC-SP, que assina o prefácio da obra. Segundo ele, a autora consegue mostrar como campos da arte e da loucura no Brasil, separados um do outro no século XIX, foram contaminando-se mutuamente. "Com isso, já no século XX, ampliaram-se as fronteiras do que era considerado artístico, mas também do que era considerado clínica e do que parecia monopólio exclusivo da doença. É um movimento cheio de nuanças e surpresas, no qual a figura da alteridade mobiliza uma gama extraordinária de afetos e iniciativas concretas, com consequências nos mais diversos domínios”, conclui.

A autora
Elizabeth Araújo Lima é professora do curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), mestre e doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutora pela University of the Arts London (UAL). É também pesquisadora do Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo em Terapia Ocupacional e integra a equipe do Programa Permanente de Composições Artísticas e Terapia Ocupacional (Pacto) da FMUSP. Tem capítulos publicados nos livros Oficinas terapêuticas em saúde mental: sujeito, produção e cidadania (Editora Contra Capa) e Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas (Plexus Editora), além de artigos em diversos periódicos.

Título: Arte, clínica e loucura – Território em mutação
Autora: Elizabeth Araújo Lima
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 51,90
Páginas: 248
ISBN: 978-85-323-0518-3
Atendimento ao consumidor: 11-3865-9890
Site: www.summus.com.br

Festa do 33º Anuário do Clube de Criação de São Paulo



A festa de entrega do 33º Anuário do Clube de Criação de São Paulo (CCSP), na noite da segunda-feira (02), reuniu mais de 700 convidados no Espaço Contemporâneo, no Brooklin, em São Paulo.

Foram homenageados, durante o evento, Luiz Toledo (141 SoHoSquare), Gabriel Zellmeister (W/Brasil) e Murilo Felisberto (ex-DPZ), de forma póstuma. Carlota Felisberto, filha do publicitário, recebeu a estrela dourada.

O diretor de arte Luciano Lincoln (Lew’Lara/TBWA) é o responsável pela direção de arte deste Anuário.

A capa traz algumas palavras, como se elas estivessem rabiscadas,no intuito de demonstrar o quão rigoroso foi o julgamento deste 33º Anuário. Das 4.169 peças inscritas, apenas 267 (6,4%) conquistaram as páginas do livro (leia aqui).

O Anuário conta com 384 páginas e tiragem de 3 mil exemplares.

Mais sobre os homenageados no Hall da Fama em breve, no Clubeonline.

Fonte: CCSP