28.4.08

Formas e Pulos: o Saci no Imaginário



Çaa cy perereg, Saci Pererê ou simplesmente Saci. Quem não conhece este personagem do folclore, travesso e libertário, que pula entre nós há mais de dois séculos?

Mito criado pelos tupi-guarani na zona fronteiriça com o Paraguai, guardião das florestas e defensor da natureza, foi apropriado pelos escravos, incorporando feições africanas e um cachimbo de preto velho. E, se o Saci perdeu uma perna para representar a mutilação imposta pelo cativeiro, ganhou o gorro vermelho, que concentra seus poderes mágicos, inspirado no piléu, emblema da liberdade na Roma antiga e no barrete frígio adotado pelos republicanos após a Revolução Francesa de 1789.

Símbolo de mestiçagem e resistência desde os tempos da Colônia e do Império, quando os negros enfrentavam os capitães do mato com golpes ágeis de capoeira, o Saci congrega a cultura multirracial que forma o povo brasileiro e plasma sua identidade.

Formas e Pulos: O Saci no Imaginário resgata as representações de um duende genuinamente nacional por diversos artistas, em suportes e técnicas variadas. A mostra revela também a energia do “insigne perneta” recuperando o espaço invadido pelas bruxas travestidas nas abóboras do raloim, que teimam em seqüestrar nosso imaginário e representam as forças do mal na geopolítica do século XXI.

Fonte: Museu AfroBrasil

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