18.8.09

Hansen Bahia - Restauração do Acervo



Depois de Salvador, Rio de Janeiro e Brasília, chegou a vez de São Paulo receber uma amostra do imenso acervo do xilógrafo Karl Heinz Hansen Bahia. A Fundação Hansen Bahia expõe de 22 de agosto a 25 de outubro, na Galeria D. Pedro II da CAIXA Cultural São Paulo (Sé), no centro da cidade, 73 obras recuperadas do artista que dá nome à instituição. A abertura para convidados será neste sábado, 22 de agosto, às 11h e a visita guiada com a curadora está prevista para o dia 24 de outubro, também no sábado, no mesmo horário.

Com curadoria de Lêda Deborah, responsável pelo acervo desde 2003, a exposição “Hansen Bahia- Restauração do Acervo” traz à cidade 64 obras em suporte de papel e 09 matrizes de xilogravuras. As peças foram recuperadas entre dezembro de 2006 e dezembro de 2007, pelo projeto "Preservação da Obra de Hansen Bahia", selecionado pelo "Programa CAIXA de Adoção de Entidades Culturais”.


Alemão de nascimento, mas brasileiro por opção, Karl Heinz Hansen Bahia doou ainda em vida todo seu acervo à cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano. A Fundação que leva seu nome foi instituída em 1976, dois anos antes de sua morte, e hoje é constituída de 13 mil itens, entre gravuras, fotografias, álbuns de recortes, livros, documentos, mobiliário e objetos de uso pessoal do artista. Há também uma biblioteca com cerca de mil títulos - incluindo dezenas de livros publicados ou ilustrados por Hansen Bahia. São mais de quatro mil obras em suporte de papel e 260 matrizes xilográficas.


A intenção da curadora Lêda Deborah é levar a exposição “Hansen Bahia- Restauração do Acervo” para diversos espaços culturais do país, de modo a propiciar maior reflexão sobre a obra e a vida do artista e da arte da xilogravura. Depois de Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e, por fim, São Paulo, as obras retornam para exposição nas cidades baianas de Cachoeira e São Félix, esta última onde está situada a fazenda que Hansen Bahia morou nos seus últimos anos de vida e também doada à Fundação. “A maior homenagem que se pode fazer a um artista é mantê-lo vivo”, conclui a curadora.



Karl Heinz Hansen Bahia (1915- 1978)
“Tudo o que sei e o que sou, devo à Bahia”.

Karl Heinz Hansen, alemão de Hamburgo, tem os primeiros trabalhos artísticos datados dos anos 40. O homem foi sempre o seu grande tema e a xilogravura, uma arte tradicional na Alemanha, a técnica a que mais se dedicou.

Convencido por um diplomata brasileiro na Suécia, onde residia depois da Segunda Guerra Mundial, Hansen chegou ao Brasil em 1950, aos 35 anos, para trabalhar como artista gráfico numa editora de São Paulo. Vinha em busca do futuro promissor e dos encantos naturais de que lhe falara o amigo em Estocolmo.

Mudou-se pela primeira vez para a Bahia em 1955. Ao longo dos três anos seguintes, realizou exposições, lançou álbuns de gravuras, executou painéis, concorreu ao Prêmio de Arte Contemporânea e participou da IV Bienal de São Paulo.

A Bahia, entretanto, não deu ao artista resposta econômica e Hansen voltou, em 1959, para a Alemanha. Antes, porém, se despediu da Bahia com a exposição “A Bahia de Hansen”, mostrando aos baianos o que levaria para o Velho Mundo. Foi neste período que o artista adotou o nome artístico de Hansen Bahia e conheceu seu último amor e musa, Ilse.

A inquietude do artista e o novo amor fizeram Hansen partir para a Etiópia a convite do imperador Salassiè, para fundar uma escola de belas artes em Addis Abeba. Em 1966, no término de sua missão, Hansen voltou definitivamente para a Bahia, onde ficou até sua morte, em 1978.

O artista expôs duas vezes em Brasília: em 1973, com a mostra “Novos Trabalhos”; e em 1976, com “Retrospectiva”, exposição promovida pela Embaixada da Alemanha no Touring Club do Brasil, ocasião na qual Hansen ofereceu sua obra, por meio de testamento, à cidade de Cachoeira, instituindo a Fundação Hansen Bahia.

O que se diz sobre Hansen Bahia
“Foram muitos os estrangeiros que lançaram o olhar sobre a Bahia, desde os idos do século 16. Contudo, a imersão absoluta do artista germânico-baiano em nosso universo é surpreendente e desconcertante. Hansen realiza uma arte de mãos sujas e corpo suado. Completamente comprometida com a realidade da sua época, sua obra submerge e emerge em uma Bahia de águas fétidas, povoada por personagens gravados em estilo expressionista: homens, mulheres e crianças, retirados do seu convívio cotidiano em prostíbulos, íngremes ladeiras, becos e porões. Os excluídos são universalizados em sua arte.”

Márcio Meirelles, secretário de Cultura do Estado da Bahia e presidente do Conselho Curador da Fundação Hansen Bahia.

“Usando uma técnica invulgar, Hansen proporcionou aos artistas baianos uma abertura no trato da gravura, criando maiores dimensões. Seu método peculiar de trabalhar a superfície a ser gravada, com ênfase nas fibras da madeira, facilitava os golpes certeiros do afiado aço das suas goivas. A cada gravura era uma lição de como se pode descobrir na técnica o não uso da cor, substituída por um cinza meio tom que ficou como sua grande marca. Gravador primoroso, trabalhava a impressão das placas como se fosse o corpo da mulher amada, com cuidado de um perfeito artesão”.

Calasans Neto, artista plástico.

“Creio que nossas vidas avançam, a partir dos encontros com pessoas notáveis. Alguns chegam e ficam para sempre como aliados, transmitindo-nos seu conhecimento ao longo do tempo, ajudando-nos a aperfeiçoar o que somos. Outros passam como meteoros pela nossa vida, deixando um rastro permanente na nossa existência. Na minha trajetória, Hansen Bahia foi como um destes astros celestiais”.

Sérgio Rabinovitz, artista plástico.

Programa CAIXA de Adoção de Entidades Culturais
O Programa CAIXA de Adoção de Entidades Culturais seleciona e patrocina a recuperação, a ampliação e a promoção de importantes acervos nacionais, no intuito de fomentar o desenvolvimento de ações localizadas de recuperação e disponibilização desses tesouros à sociedade.

O projeto “Preservação da Obra de Hansen Bahia” foi um dos selecionados pelo programa da CAIXA. Durante a execução do projeto, foram aplicadas técnicas de restauração e conservação em 64 obras em suporte de papel, xilogravuras e mista, e em 09 obras em suporte de madeira, matrizes de xilogravuras, que pertencem ao acervo da Fundação.

Serviço
Exposição “Hansen Bahia- Restauração do Acervo - 73 obras”
Curadora: Lêda Deborah
Local: CAIXA Cultural São Paulo – Sé – Centro – Galeria D. Pedro II
Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo/SP
Abertura para convidados: 22 de agosto de 2009, sábado, às 11h
Visita guiada com a curadora: 24 de outubro de 2009, sábado, às 11h
Visitação: de 22 de agosto a 25 de outubro de 2009
Horário de visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 21h.
Informações e Agendamento de visitas monitoradas: (11) 3321-4400
Acesso e sanitário para pessoas com necessidades especiais.
Classificação etária: Livre
Entrada Franca

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