11.12.09

II Bienal de Artes de Brasília expõe obras de 109 artistas de várias partes do país

Sotaques de todo o País se misturaram ontem (10) na inauguração da II Bienal de Artes de Brasília, na Upis Faculdades Integradas. Artistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, entre outros estados, participam da mostra que reúne mais de mil obras e ocupa uma área de 15 mil metros quadrados. Ao todo, são 109 artistas participando da mostra. De acordo com a curadora, Rosane Pomnitz, as peças em exposição – pinturas, gravuras, fotografias, esculturas e instalações – refletem a pluralidade cultural da cidade. “Brasília tem um potencial artístico incrível. É uma mistura de pessoas, um celeiro de talentos”, opina.

Com o tema “tempo”, a segunda edição da Bienal explora as múltiplas significações de um conceito explorado desde a antiguidade clássica. As definições dos gregos para definir o tempo – kronos, que remete ao tempo cronológico, e kairós, que delimita um momento único – foram o ponto de partida de vários artistas. Para retratar essa ambivalência, a artista brasiliense Thaiz Heringuer montou fotografias duplas, feitas com a sobreposição de dois fotogramas em uma impressão lenticular. O resultado é uma ilusão de ótica que nos lembra da fragilidade de toda delimitação temporal. Atualmente morando em São Paulo, Thaiz defende que a Bienal se torne um dos eventos do calendário oficial da cidade. “Como uma capital moderna, nova, Brasília merece ter uma Bienal em seu calendário oficial.”

Na avaliação de Roberto Muylaert, ex-ministro da Cultura e ex-presidente da Bienal de São Paulo, a proximidade do aniversário de 50 anos da cidade reforça a importância do evento. “Fiquei impressionado com o trabalho de alguns artistas da cidade e vejo um futuro promissor para o cenário artístico de Brasília.” Uma das apostas de Muylaert é Akihito Hira, que trocou Bauru, no interior de São Paulo, por Brasília há sete anos. Em uma instalação multicolorida, Akihito brinca com uma das possibilidades do tempo menos exploradas na Bienal, a leveza. O tempo não é apenas carrasco, que nos faz perceber nossa finitude e pequeneza diante do mundo. Ele pode também ser leve e gracioso como o bater das asas das borboletas.

O frescor dos novos talentos da cidade também transborda no ensaio sobre a desumanização característica das grandes cidades proposta por Pedro Ivo Verçosa. O artista brasiliense retrata seres pouco definidos em ônibus, reconhecidos como humanos apenas por apresentar traços essenciais - um borrão que se confunde com um nariz, manchas que representam olhos. Retratos de pessoas que vemos diariamente na correria do cotidiano, mas das quais não guardamos a fisionomia. Detalhe irônico é que os instantes imortalizados nas telas ocorrem todos os dias e ainda assim nós não os enxergamos.

Na primeira edição, em 2007, a Bienal teve um público de quatro mil pessoas. Para a gerente de projetos do Ministério da Cultura Cristiane Loff, a mostra reforça os laços entre os artistas em exposição e o público da cidade. “O trabalho do artista se concretiza no contato com o público. E todo espaço que permite esse relacionamento é louvável”, avalia. Além de novos talentos, a II Bienal tem nomes consagrados como Tarciso Viriato, Darlan Rosa, Bisser Nai e do G11, coletivo de artistas de São Paulo que reúne nomes como Adriano de Aquino, Marina Bonomi, Cláudio Tozzi e José Zaragoza.


SERVIÇO
II Bienal de Arte de Brasília
Campus I da Faculdade UPIS (712/912 Sul)
Até 10 de janeiro de 2010 – das 8h às 20h

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