1.12.09

Sertão Sem Fim, o novo livro do fotógrafo Araquém Alcântara

Sertão Sem Fim, o novo livro do fotógrafo Araquém Alcântara é uma obra diferenciada, com 90 fotos em preto e branco, registradas com equipamento semelhante ao que usava no início de sua carreira, 40 anos atrás: uma câmera Leica, totalmente manual, três lentes e incontáveis rolos de filme Tri-X Pan, um clássico em p&b da Kodak. Posteriormente, as fotos foram tratadas digitalmente, impressas em papel especial italiano Garda Pat com técnica gráfica apurada, e impressionam pela delicada gradação de tons.

Araquém Alcântara é o notório fotógrafo da natureza brasileira. Já lançou mais de 40 livros, sempre investigando o Brasil, da Mata Atlântica, onde começou há quase 40 anos, à Amazônia, num conjunto que compõe um vasto atlas iconográfico da diversidade animal e vegetal do país. Com este novo “Sertão sem Fim” inova com a revelação de seres humanos tão próprios de uma terra que parecem estar engolindo um ao outro.

A noite de autógrafos acontece em São Paulo em 15 de dezembro, terça-feira, a partir das 18h, na Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1731, tel.: 11.3062.1063).

O livro tem texto de apresentação do fotógrafo Eder Chiodetto, que também assina com Araquém a edição das imagens, além do ensaio "O Imaginário do Sertão", de Walnice Nogueira Galvão, professora de teoria literária e literatura comparada da USP, autora de mais de 30 obras, 12 delas dedicadas a Euclides da Cunha e a Canudos. O projeto gráfico é de Victor Burton.

Sertão Sem Fim (Editora Terra Brasil) tem 176 páginas, com 90 fotos, formato de 30 cm x 31 cm, tiragem de 3 mil exemplares e será comercializado em duas versões: capa dura (R$ 120,00) e edição de luxo (R$ 140,00). O livro foi patrocinado pela empresa Qualicorp.

A feitura da obra consumiu dois anos de trabalho, sendo o de 2008 dedicado à concepção e ao planejamento, e o de 2009 às 12 peregrinações empreendidas por oito estados brasileiros, somente por estradas de terras, em busca dos vestígios de um mundo perdido no tempo, entre o norte de Minas e o Piauí, onde Araquém transformou em imagens a aridez tantas vezes cantada por Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto.

Araquém é o melhor narrador da sua jornada: ”Escolhi mapear o sertão como espaço geográfico o mais desabitado possível, a partir do norte de Minas e depois os interiores de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará, lugares que não estão no mapa, esquecidos pela civilização mais que ainda mantém uma natureza primordial e intocada. No livro está o sertão de terra dura, ocre, agreste, banhado pelo sol escaldante, de estradas empoeiradas, lajedos e pedras calcinadas... Pobreza, fome, seca, fadiga, o amor e o sangue, a possessão das terras, as lutas pelas cabras e carneiros, a vida e a morte, tudo que é elementar no homem está presente nesta terra perdida”, conclui o fotógrafo.

Com liberdade total, sem nenhum compromisso comercial e amparado pelo patrocínio da empresa Qualicorp, Araquém aventurou-se com a Leica R 6.2 para seus destinos.

escolheu máquina e filmes semelhantes aos que usava no início de sua carreira, 40 anos atrás, e aventurou-se com uma Leica R 6.2, totalmente manual, três lentes e incontáveis rolos de filme Tri-X, um clássico em preto e branco da Kodak.

O resultado são fotos de um país que até hoje a maioria dos brasileiros desconhece. Mostra cenários – e, sobretudo, personagens – que ainda hoje não estão na TV ou na internet apesar de toda diversidade de conteúdo e o alcance dessas mídias.

Sertão Sem Fim retrata um Brasil ocre, seco, espinhoso. Onde a poeira levanta para os cavalos em disparada e volta a se acomodar como moldura do casebre e dos cactos. Onde o vaqueiro ostenta o traje de couro gasto, mas só nas poucas ocasiões rituais. Onde o único sonho ainda é o de um dia sentir a água correndo fresca e livre.

Araquém eterniza lugares e personagens que parecem coisa da ficção mas são reais. Seu Nozinho de Cedrolândia é um ícone desse sertão. Assim como senhoras religiosas e os demais passantes de Acaba Vida, Compra Fiado, Buriti Cristalino e Cachoeira do Borudué, entre outras localidades que sim, existem de fato.

Araquém Alcântara, perfil
Aos 57 anos, Araquém Alcântara é considerado o mais importante fotógrafo de natureza do Brasil e um dos melhores do mundo. Apaixonado pela natureza, já publicou cerca de 40 livros em quase 40 anos de carreira. O título Terra Brasil (DBA, 1998; Melhoramentos, 2001) já vendeu mais de 80 mil cópias e é o livro de fotografia mais vendido no país.

Para Araquém, sua missão é seduzir o público para a beleza das riquezas naturais do país, como também alertar a todos sobre a urgência de proteger o patrimônio ambiental.

Suas publicações compõem um riquíssimo inventário da história natural do país, com o testemunho de uma infinidade de espécies de pássaros, répteis, mamíferos, flores, árvores e outros seres, além das histórias das pessoas que habitam esses locais.

Araquém foi o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais do país, como também o primeiro brasileiro a produzir uma edição especial para a National Geographic, intitulada Bichos do Brasil.

Com o seu trabalho pioneiro já obteve cerca de 50 prêmios nacionais e diversos internacionais. Em 2007, recebeu o Prêmio Dorothy Stang de Humanidade. No mesmo ano, conquistou o Prêmio Fernando Pini, concedido pelas indústrias gráficas para Mar de Dentro, considerado o Melhor Livro de Arte do Ano. Em 2006, recebeu o segundo lugar do Prêmio Jabuti, o mais importante do meio literário, na categoria Fotografia, com o livro Amazônia.

Em 2009, mais premiações: Cabeça do Cachorro e o Mata Atlântica receberam o Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica como os livros mais bem impressos do ano. E Mata Atlântica ganhou o Theobaldo de Nigris, concurso internacional da indústria gráfica.

Em dezembro de 1997, ele realizou a sua mais importante exposição individual no exterior, Terra Brasil, na Canning House Gallery, em Londres, com 70 imagens dos parques nacionais.

O fotógrafo tem também trabalhos adquiridos pelos acervos do Museu do Café (Kobe, Japão), do Centro Georges Pompidou (Paris, França), do Museu Britânico (Londres, Reino Unido), do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e do Museu de Arte Moderna (MAM, São Paulo), entre outro.

Mais informações no site oficial do fotógrafo: www.araquem.com.br

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