28.9.10

Livro reúne desenhos do acervo pessoal de Marcelo Grassmann


Reconhecido principalmente por seu trabalho como gravurista, Grassmann revela ao público seu “caderno de desenhos”, com trabalhos escolhidos por ele e pela organizadora da obra, Lygia Eluf. Lançamento, pela Imprensa Oficial e Editora da Unicamp, está marcado para o dia 4 de outubro, na Casa das Rosas, em São Paulo.

Retratando quimeras, cavaleiros, donzelas medievais e personagens fantásticos, desde a década de 1950, o artista Marcello Grassmann é um dos maiores talentos da gravura no Brasil e seu trabalho ultrapassou fronteiras, tornando-se reconhecido em todo o mundo. Seu interesse por esse tipo de personagens vem desde a infância, a partir do universo das histórias em quadrinhos. Também reverenciado por sua atuação como desenhista, Grassmann abriu seu acervo pessoal, agora revelado em “Coleção Cadernos de Desenho”, publicação organizada por Lygia Eluf e que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, em parceria com a Editora da Unicamp, lança no dia 4 de outubro (segunda-feira), às 19 horas, na Casa das Rosas, em São Paulo – Av. Paulista, 37.

Os desenhos foram selecionados por Grassmann e Eluf. Ela conta que a ideia dos cadernos de desenho sempre a fascinou. “Por meio dessas anotações, quase despretensiosas, muitas vezes somos capazes de registrar a essência de nosso pensamento visual”, explica. Eluf acrescenta que a obra pretende revelar o que está oculto, guardado na intimidade do caderno de bolso, do ateliê, da expressão primeira do artista em contato com o mundo que o cerca.

A primeira parte do livro, intitulada “Os grifos ao espelho”, é apresentada pelo professor do curso de história da arte na Unifesp, André Tavares. Para ele, os desenhos e gravuras de Grassmann “são um suporte para a fabulação e para o movimento contínuo da imaginação. O papel, ali, é pretexto”. Tavares afirma ainda que o caderno começa com duas peças atípicas – uma natureza morta e um retrato a lápis – que revelam já a percepção dramática das coisas que cercavam Grassmann.

A segunda parte, “Obsessões”, tem apresentação de Paulo M. Kühl, professor de história da arte do Instituto de Artes da Unicamp. Sobre o conjunto de rostos, de cavaleiros, de mulheres, de animais, de alguns casais, escreve: “As figuras parecem-nos familiares, mas não conseguimos identificá-las. Sim, há mulheres (quais mulheres?), cavaleiros (de onde mesmo?), animais que se assemelham a gatos, cavalos etc., mas por que razão estão ali? São desenhos que parecem narrativos, mas nada nos dizem de concreto. As figuras dos cavaleiros, com seus elmos, armas e armaduras, direcionam-nos para um mundo vagamente mitológico, mas desconhecemos a linha narrativa a que pertencem”.

Um dos primeiros reconhecimentos conquistados por Grassmann foi o prêmio da categoria na Bienal Jovem de Paris em 1960. Entre os locais que frequentou e que moldaram sua formação estão a Academia Albertina e a Academia de Artes Aplicadas em Viena. No Brasil passou pelos ateliês de Poty Lazzarotto e Henrique Oswald. Vive atualmente em São Paulo.

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