10.2.11

Exposição "Realidades - Desenho Contemporâneo Brasileiro"

“Realidades – Desenho Contemporâneo Brasileiro” expõe obras de 17 artistas, que criam seus trabalhos utilizando o desenho em suas várias possibilidades. Nos espaços expositivos do Térreo e 3º andar do SESC Pinheiros, de 03 de fevereiro a 27 de março. O objetivo da exposição é mostrar a pluralidade desta expressão artística e como ela pode ter diferentes manifestações. Os artistas participantes da mostra foram escolhidos pelas distintas abordagens de seus trabalhos, com seus olhares particulares sobre o mundo, gerando múltiplas realidades.

O Brasil é um país continental, possui modos de vida e culturas bastante diferentes, conseqüentemente suas artes não são iguais, já que os próprios artistas vivem caminhos tão distintos. Entender essas diferenças em um contexto estético e respeitar a expressão de cada criador é um exercício constante para o observador, seja ele artista ou público. Considerando essa situação, o projeto quer mostrar isso empiricamente utilizando apenas uma única linguagem, o desenho.

O desenho é um meio expressivo pleno de possibilidades, desdobramentos e acima de tudo liberdade. Ele é onde boa parte das obras começa, seja como esboço de uma escultura ou pintura, a forma de uma roupa, a construção de uma cena de teatro e cinema e até mesmo as notas da melodia de uma música. É uma prática livre porque é o momento em que o artista pode errar, testar, imaginar ou torná-lo na própria obra, a linguagem de sua manifestação.

A linguagem, tão aplicada neste trabalho, é a existência de um vocabulário formado pela coleta de elementos naturais da vida, estudos, interesses variados, sensações, entre outras inúmeras coisas que vão sendo recolhidas ou descartadas pelos artistas ao longo de suas trajetórias. Ou seja, o que constrói a linguagem de cada artista são os próprios fragmentos de suas realidades.

















“O lugar é um" | desenho | Trí­ptico | 132 cm x 87 cm – cada | 2010
ADRIANNE GALLINARI (Belo Horizonte - MG, 1965)
Elementos orgânicos, paisagens e fragmentos de um mundo particular habitam os desenhos de Adrianne Gallinari, ora em grandes dimensões e variados suportes como papeis e tecidos, ora em pequeninos blocos de desenho. A artista nos revela com sensibilidade e extrema delicadeza, obras que fisgam o nosso olhar para dentro de sua poética.


“Marshall da série amplificadores” | 100 cm x 70 cm | grafite sobre papel | 2008 | foto Rafaela Netto
FÁBIO FLAKS | (São Paulo – SP, 1977)
A obra de Fabio Flaks emerge de uma minuciosa fatura técnica onde o “ato de rabiscar” vem a construir um desenho pleno de informações além da forma imediata tais como tempo, repetição, esperas, entre outros elementos que conformam o ato de desenhar.


“Série janelas” | Colagem | 150 cm x 120 cm | 2010
FELIPE COHEN | (São Paulo - SP, 1976)
A articulação de distintos elementos e procedimentos confere ao trabalho de Felipe Cohen um caráter híbrido onde o desenho no caso se conforma a partir de uma elaborada junção de diferentes matérias que ao estabelecerem uma convivência criarão assim uma nova realidade carregada de (re)significados. A colagem, método utilizado pelo artista como junção das matérias, praticamente desaparece dando lugar ao assunto em sua potência máxima como se fosse possível ouvir o silencioso murmúrio das formas criadas.

“Operação Elefante envia tropas de combate para o campo do castor, campos de Batalha” | Lápis de cor e grafite sobre papel | 110 x 45 cm | 2008 | foto Gisela Gari
FERNANDA CHIECO | (São Paulo - SP, 1976)
Com uma prática centrada no desenho além de objetos e instalações Fernanda Chieco nos remete em suas obras a “estranhos mundos” permeados de sentidos muitas vezes ignorados pelo atual condicionamento contemporâneo. Olhar a obra de Fernanda demanda o tempo e os sentidos dos animais e situações apresentadas em seus trabalhos, um estado ancestral repleto de significados e mistérios que a artista decifra a sua maneira e nos apresenta algo como um antigo código há muito esquecido.



“Guia de medidas” | 2010 | Vídeo HD | duração 2 minutos
FERNANDA FIGUEIREDO E EDUARDO MATTOS | (Limeira - SP, 1978) e (São Paulo - SP, 1975)
O auto-retrato é um tema já bastante explorado por essa dupla de artistas que além de parceiros profissionais também são casados o que estabelece a presença de uma noção quase investigativa nos seus trabalhos. O registro em vídeo nos mostra uma série de medições, de catalogações à moda científica de partes da face de um dos artistas criando-se assim um guia de medidas.


Sem título | Nankim e aquarela sobre papel | 96 cm x 66 cm x 10 cm | 2010
FERNANDO CARDOSO | (Belo Horizonte - MG, 1970)
“Como quem organiza um jardim privado” é dessa forma que são realizados os desenhos de Fernando Cardoso. Neles o artista convida o espectador a adentrar numa narrativa ora aberta, ora fechada ricamente preenchida, como em “um jogo onde um único jogador desloca as peças, sem adversário”.

Sem tí­tulo | Guache sobre papel | 73 cm x 53 cm | 2009
JAMES KUDO | (Pereira Barreto - SP, 1967)
Em seus trabalhos, James Kudo aborda questões autobiográficas, o sentimento de pertencer a mundos “diferentes” e habitá-los vivenciando perdas e uma contínua mobilidade não apenas territorial, mas também de ordem cultural. Suas obras exibem uma natureza recodificada e reestruturada de acordo com o que lhe é presente.

“Megalithes de bretagne” | 65 cm x 50 cm cada | carvão e serigrafia sobre papel | 2009
MARCELO MOSCHETA | (São José do Rio Preto - SP, 1976)
A construção de uma nova realidade a partir de dados existentes é o cerne dessa série de desenhos de Marcelo Moscheta. Realizados na região da Bretanha, esses desenhos mostram bunkers e casamatas da 2ª Guerra Mundial, porém, em suas legendas, as informações dos desenhos revelam uma outra localização precisa, na verdade, de sítios arqueológicos próximos aos bunkers. A operação “troca de legendas” é uma prática presente já em outras obras do artista e insere-se aqui como ato criador de uma nova percepção.

Desenho (círculo) | papel, resíduos de borracha e grafite | 85 cm x 73 cm | 2004
MARCIUS GALAN | (Indianápolis – EUA, 1972)
O tempo é o material utilizado pelo artista Marcius Galan na execução dessa obra. Uma folha branca guarda vestígios apagados das tentativas de realização desse desenho, que é/era um círculo perfeito, realizado à mão livre.

Sem título |Aquarela sobre papel | 200 cm x 140 cm | 2009
MARIANA PALMA | (São Paulo - SP, 1979)
Ao primeiro olhar os desenhos de Mariana Palma nos remetem ao caderno do botânico, porém diferente destes eles se mostram em total exuberância. Aqui não está em questão o registro exato do que quer que seja, pois na verdade são outros elementos que nos chamam para dentro do espaço da representação, como se além de nos seduzirem pelo olhar, tivessem também a potência de nos manter aprisionados pelas intrigantes formas propostas pela artista.


"Auto-retrato como lápis apontado" | Aquarela sobre papel | políptico com 10 obras | 26.6 cm x 20 cm – cada | 2010
MAURO PIVA | (Rio de Janeiro - RJ, 1977)
O auto-retrato, um dos temas tradicionais da história da arte, é aqui atualizado no trabalho de Mauro Piva, na sequência de desenhos “auto-retrato como lápis apontado”. O artista nos mostra além dos materiais utilizados na fatura de suas obras, a sua narrativa processual como parte integrante do que vem a conformar não apenas o trabalho, mas a imagem do próprio realizador.

"Valentes" | Desenho | Nankim sobre papel | 32 cm x 21 cm | 2009
NAZARENO RODRIGUES | (São Paulo - SP, 1967)
O artista aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, medos e deslumbramentos, bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Nessa série de desenhos intitulada “Valentes” diversos desenhos de antigos uniformes militares se mostram vigilantes, como a emitir um aviso a ser lido em silêncio.

Sem título | 33 cm x 24 cm | 2010
NINO CAIS | (São Paulo – SP, 1969)
O trabalho de Nino Cais surge da cuidadosa observação do ambiente que o cerca. Os elementos do cotidiano que o artista (re)combina e (re)organiza, segundo critérios particulares, permeados de afetividade e memória, criando um painel onde não existem hierarquias, onde tudo convive em equivalência, harmoniosamente.

Sem título | Grafite carvão sobre papel | 32.5 cm x 45 cm | 2008 | foto Wilton Montenegro
REGINA DE PAULA | (Curitiba – PR, 1957)
Numa caixa de alumínio com a proporção de um corpo humano, encerra-se uma série de peças de borracha marcadas com numeração de 00 a 99. Sua ordenação no interior dessa caixa obedece a um esquema preciso, como são precisos os números em seus fluxos crescentes e decrescentes, bem como o corpo humano em sua complexa ordenação funcional. Derivando dessa escultura, uma série de desenhos nos convida a estabelecer uma relação entre a subjetividade com referência ao corpo e a ordenação com a serialidade e os números.

"Série Ruínas" | Caneta sobre papel | 50 cm x 70 cm | 2010
ROBERTO BETHÔNICO | (Itabira - MG, 1964)
No trabalho de Roberto Bethônico, o espectador está perante uma situação que poderia ser descrita como irreversível; em desenhos de médio e grande formato, temos vestígios de edificações que agora se apresentam em ruínas. A fatura cuidadosa e extremamente rigorosa com que essas obras (ruínas) são realizadas (construídas) remete-nos, no entanto, à tentativa de reconstrução de algo que, em si, já está transformado em outra realidade.

Sem título | óleo sobre papel | 130 cm x 160 cm | 2010
RODRIGO BIVAR | (Brasília - DF, 1981)
Em seus trabalhos, Rodrigo Bivar aborda “assuntos” que fazem parte do gênero da pintura. Assuntos que lhe são muito próximos, como “retratos de amigos, objetos pessoais, paisagens de lugares que visitei, pinturas de artistas de que gosto; é um mundo que me pertence, mas também pertence a todos”.

“Cachoeira” | Pirografia sobre papel | 220 cm x 150 cm | 2010
VANDERLEI LOPES | (Terra Boa - PR, 1973)
A proposição de uma experiência física com o espectador é um dos fios condutores na obra de Vanderlei Lopes. Seu trabalho o qual é resultado da ação de materiais sobre o papel situa-se no campo fronteiriço dos sentidos agindo como um questionário, indagando ao “leitor” dessa imagem questões sobre os símbolos, o tempo, a memória, histórias e percursos.

SERVIÇO
REALIDADES – DESENHO CONTEMPORÂNEO BRASILEIRO
Abertura: 02 de fevereiro de 2011, às 20h
Período: 03 de fevereiro de 2011 a 27 de março de 2011
Dias e horários: Terças a sextas, das 13 às 22h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h horas.
Espaços expositivos: térreo e 3º andar
Livre
Grátis

SESC Pinheiros
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Horário de funcionamento da Unidade: Terças a sextas, das 13 às 22h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h horas.
Horário de funcionamento da Bilheteria: Terça a sexta das 10h às 21h30. Sábados das 10h às 21h30, domingos e feriados das 10h às 18h30.
Tel.: 11 3095.9400
ESTACIONAMENTO COM MANOBRISTA (VAGAS LIMITADAS): Veículos, motos e bicicletas.
Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo, feriado, das 10h às 19h
(Horários especiais para a programação do teatro).
Taxas: Matriculados no SESC: R$ 5,00 nas três primeiras horas e R$ 0,50 a cada hora adicional
Não matriculados no SESC: R$ 7,00 nas três primeiras horas e R$1,00 a cada hora adicional
Para atividades no Teatro, preço único: R$ 5,00
Para informações sobre outras programações www.sescsp.org.br

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