4.2.10

O papel das redes sociais é o destaque do primeiro dia do SMW na DM9DDB


O primeiro dia do Social Media Week, realizado na sede da agência de publicidade DM9DDB na noite da última quarta-feira, 3 de fevereiro, trouxe à tona um intenso debate sobre a inclusão digital, o papel das Lan Houses na sociedade 2.0, a força da rede no engajamento social e as dificuldades encontradas para um acesso democrático às tecnologias existentes.



O encontro que reuniu cerca de 150 pessoas começou por volta das 20 horas com transmissão ao vivo via Ustream e cobertura pelo Twitter (@DM9DDB). Sergio Valente, presidente da DM9DDB, abriu os debates. Em sua breve apresentação, afastou de vez a ideia de substituição das mídias tradicionais pelas novas. “O surgimento de uma mídia não mata a outra, mas a reposiciona”, defendeu o executivo e publicitário. Segundo ele, o consumidor quer conteúdo relevante, entretenimento e interação independentemente em que mídia ele encontre isso. “Dividir o mundo em On e Off é pensar em uma lógica antiga. Hoje o mundo é uma mistura, não há mais essa divisão. É tudo uma coisa só: é o mundo”, afirmou. Valente terminou sua participação anunciando a vontade de tornar a agência sede permanente do Social Media Week.

Depois da participação do presidente da DM9DDB, foi a vez de Marcelo Pimenta, consultor do Sebrae em Rede, falar com os convidados do SMW. Em um discurso bastante direto, Pimenta defendeu a tese de que as Lan Houses podem e devem assumir um papel de instrumento de transformação social. Para tanto, porém, é preciso investir na profissionalização dos seus proprietários, na facilidade ao acesso da banda larga e na redução do preconceito da sociedade contra esses estabelecimentos. “As Lan Houses devem ser vistas como inclusão digital e não exclusão educacional. A educação em rede pode ser educativa e colaborativa”, disse ele, alertando para o fato de que 50% dos 35 milhões de internautas brasileiros acessam a rede em Lan Houses e que no Nordeste esse índice chega a 70%. “É preciso acabar com o preconceito contra as Lan Houses para que consigamos trabalhá-las a favor de uma sociedade mais justa e igualitária.”
O jornalista Rodrigo Mesquita foi o terceiro palestrante e de certa forma complementou o discurso de Pimenta. “Além do software, é preciso ter hardware. É preciso ter um computador por criança.” Além da questão física, Mesquita citou o autor Marshall MacLuham para discutir que a internet e as redes não mudaram a sociedade. E sim o contrário. “A internet não fragmentou a mídia. Ela nasceu em um momento em que as mídias estavam se fragmentando.” Nesse sentido, Mesquita disse concordar com Valente: “É uma bobagem falar que uma mídia provoca a morte de outra. Não é a tecnologia que muda as pessoas, é o ambiente”.

O debate mergulhou de vez nas redes sociais com a participação do sócio do STUDIO SP, Alexandre Youssef. Citando cases reais, alguns dos quais vividos por ele, Youssef provocou o público falando da força da mobilização que as redes sociais representam. Além do case da candidatura de Barack Obama, bastante conhecido pela plateia, ele citou um processo de revitalização que está ocorrendo no Baixo Augusta – região de São Paulo em que a Rua Augusta se encontra com o Centro de São Paulo. “Aquela região está sendo revitalizada por pequenos empreendedores que construíram seus negócios graças às redes sociais. Eles não usam a grande mídia. Eles estão crescendo com a capilaridade e força das redes.” Outro exemplo dado por Youssef vem da indústria fonográfica que viu a era dos “jabás” das grandes produtoras ser substituída pelo sucesso de bandas que acumulam fãs e mais fãs nas redes sociais. “As redes representam o poder de mudança na indústria fonográfica, na estrutura urbanística de grandes centros. Está na hora de essas redes serem levadas em conta na formulação de grandes políticas públicas”, concluiu.

Em uma linha muito parecida, Gil Giardelli, sócio-fundador da Permission e Gaia Creative, também fez uma provocação à plateia. Segundo ele, ainda vivemos em uma ditadura digital e a despeito de um novo blog ser criado a cada 1,5 segundo, somente 1% dos internautas produzem conteúdo. Segundo ele, os internautas têm o desafio de usar a força das redes para construir um mundo melhor. A rede está repleta de exemplos de como é possível fazer, mas cabe ao indivíduo a responsabilidade da escolha. “Você é o que você compartilha. Bem-vindo à democracia das redes sociais”, disse, lembrando que por muito tempo as marcas brigaram pelo retorno sobre investimento e que talvez elas devessem pensar em calcular o retorno sobre a atenção de cada consumidor.

O Social Media Week é um dos maiores eventos mundiais sobre redes sociais e ocorre simultaneamente em São Paulo, Toronto, São Francisco, Londres e Nova York. Na próxima sexta-feira, 5 de fevereiro, a DM9DDB será a sede do último dia do evento em 2010.

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