11.7.11
Exposição Capim dourado
A CASA museu do objeto brasileiro recebe, a partir de 14 de julho, quinta-feira, a exposição Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão; uma oportunidade para o público de São Paulo apreciar e adquirir peças artesanais produzidas com esta espécie vegetal por artesãos de 5 comunidades dos municípios de Ponte Alta, São Félix, Mateiros e Novo Acordo, situados na região do Jalapão, no estado do Tocantins.
A exposição é uma realização do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart) e do Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) e Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), que contam com a parceria de A CASA museu do objeto brasileiro.
O capim dourado é uma “sempre-viva” da família das Eriocauláceas, a syngonanthus nitens, que significa “brilho”, e originados dele estarão expostos os mais variados tipos de objetos – potes, jarros, fruteiras, porta-pratos, bolsas, bijuterias, entre outros – confeccionados por meio de técnica artesanal herdada dos índios Xerente e repassada aos moradores do povoado de Mumbuca há cerca de 80 anos.
O capim dourado, ou capim de vereda, como era chamado antigamente, é uma matéria-prima típica da região do Jalapão e vem sendo alvo da biopirataria, contrabandeada em outras áreas do Brasil central e promovida por meio da concorrência ilegal sobre a espécie. Por ser uma alternativa de sustento para a população local, produtores e artesãos do Jalapão buscam obter junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a proteção ao capim dourado pela Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência. O processo de pedido de IG já está em tramitação no INPI, que enfatiza que “além de proteger os produtores e artesãos locais, o intuito é criar um diferencial, garantindo a qualidade e a competitividade do produto”(fonte: www.inpi.gov.br).
O município de Mateiros, a 324 quilômetros da capital Palmas, com destaque para a comunidade de Mumbuca, constitui um dos núcleos iniciais dessa produção artesanal que, em virtude da crescente demanda de mercado, se expande por outros municípios da região, como São Félix, Ponte Alta e Novo Acordo.
A comercialização do artesanato feito com o capim dourado concorreu para a melhoria das condições de vida das famílias dessas localidades, segundo relato de moradores. Ainda hoje, mesmo com a redução das vendas provocada pela concorrência da expansão da produção artesanal para outros municípios da região, o capim dourado continua sendo uma das principais fontes de renda para os moradores das comunidades produtoras no Jalapão. Com o reconhecimento da matéria-prima e da produção artesanal do capim dourado, grandes artistas do design brasileiro já trabalharam com estas comunidades, agregando novos valores ao produto.
De um modo geral, o artesanato com o capim dourado é produzido por homens, mulheres e crianças a partir dos 10 anos de idade. A dedicação de cada um varia de acordo com os afazeres referentes a seus papéis sociais. Homens e mulheres dividem a produção artesanal com as atividades domésticas ou na roça, e com os serviços externos prestados à Prefeitura, às escolas etc.
Para costurar as hastes do capim dourado, os artesãos usam a “seda” do buriti, palmeira que nasce nas veredas e nas matas ciliares da região. A “seda” é obtida pela extração da fibra encontrada no interior do “olho” ou “folha flecha”, o talo de uma folha nova do buriti. O processo da costura do capim dourado exige muita paciência, atenção e cuidado. O material, embora flexível, é frágil, quebrando com facilidade durante o manuseio. Além disso, para garantir a uniformidade visual das peças, o artesão deve estar constantemente preocupado em manter as mesmas proporções da linha e do capim do início ao fim da confecção de um produto. Atualmente, alguns artesãos incrementam suas peças com materiais mais modernos como fios coloridos, sementes, miçangas e até linhas douradas importadas da China.
Serviço
Exposição Capim dourado: costuras e trançados do Jalapão
Inauguração: 14 de julho, quinta-feira, das 19h30 às 22h30 (manobristas no local)
Visitação: de 15 de julho a 12 de agosto, de segunda a sexta, das 10h às 19h.
A CASA museu do objeto brasileiro - Rua Cunha Gago, 807, Pinheiros I 05421 001 São Paulo – SP
+ 55 11 3814 9711 – acasa@acasa.org.br – www.acasa.org.br – twitter.com/museuacasa
Postado por Paulo R. Lisboa às 12:24 PM
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