27.10.11

Quando o Break Dance encontra a fotografia


Projeto fotográfico com a participação de B-Boys latino-americanos mostra o Break Dance de maneira inédita. Ideia desenvolvida pelo fotógrafo paulistano Marcelo Maragni já foi exposta no Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia e segue agora para Moscou, onde vira exposição durante a final mundial de campeonato internacional de B-Boys no mês de novembro



Quando um B-Boy entra em ação numa batalha de Break Dance, a primeira reação do público é não tirar os olhos. O mesmo aconteceu com o fotógrafo paulistano Marcelo Maragni. Só que, ao invés de ficar apenas impressionado com a performance destes dançarinos, ele resolveu apostar numa ideia diferente: fotografá-los em ação, usando técnicas que misturam longa exposição de luz a recursos como estrobos e leds. A ideia tomou forma enquanto Maragni trabalhava cobertura fotográfica da final latino-americana do Red Bull BC One realizada em julho deste ano em Salvador. O campeonato, organizado em batalhas homem a homem, todas em esquema mata-mata, é realizado desde 2004.

Pois a ideia transformou-se no projeto fotográfico B-Boys in Motion: a Break Dance Experience in Frames and Flashes, já participou do Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia realizado em setembro último, e agora segue para Moscou, onde vira exposição durante a final mundial do Red Bull BC One 2011, marcada para dia 26 de novembro na Rússia. “A ideia surgiu há alguns anos, em corridas de aventura durante a noite, onde os pilotos usam uns head lamps, umas lanternas de cabeça. Então, eu comecei a marcar o movimento usando velocidade lenta e mais flashes, o que permitiu acompanhar esse deslocamento”, explica Maragni que começou a estudar diferentes formas de aplicar a técnica em outros esportes. “Agora estou trazendo para a cena B-Boying porque acho que tem tudo a ver”, resume.



Do ensaio, participaram os B-Boys brasileiros Pelezinho e Kokada, ambos da crew Tsunami All Stars, o paraense Kapu (Amazon Crew), o paulista Denis (Nossa Crew), além do B-Boy venezuelano Lil G (Speedy Angels Crew), de Caracas, vencedor da final latino-americana em Salvador e que estará na finalíssima mundial do Red Bull BC One em Moscou. “É um trabalho muito diferente e criativo. Creio que seja um 3D, uma evolução da foto”, resume Gibrahimer Beomont, o B-Boy Lil G.



Por dentro da técnica: Para os ensaios, Maragni utilizou as técnicas dos leds (pequenas luzes, neste caso, coladas nos tênis dos B-Boys) e estrobos (luz estroboscópica, com vários flashes seguidos), separadamente e também misturadas em uma mesma foto. As duas usaram de longa exposição de luz para criar diferentes efeitos. Com os estrobos, o movimento do B-Boy é “fatiado” em várias imagens do começo ao fim. Já nos leds, é possível observar a trajetória do movimento dos B-Boys em inúmeros riscos que dão as pistas do traçado do movimento, formando os mais diferentes desenhos. “Para mim, isso é uma nova forma de arte, pois mostra a nossa dança de um jeito completamente inusitado”, diz Alex Gomes, o B-Boy Pelezinho.

Ensaio coreografado: para chegar no clique perfeito, cada B-Boy teve que repetir cada movimento inúmeras vezes. “No treino, na prática, eu não executo os mesmos movimentos tantas vezes quanto eu realizei para estas fotos”, diz Maurício Araújo, o B-Boy Kokada. “A repetição para eles é desgastante porque, até acertar e fazer funcionar tudo ao mesmo tempo, demora um pouquinho”, diz Maragni. Para Lil G, o ensaio também foi uma oportunidade para rever a própria performance com detalhes que, antes, passavam desapercebidos. Ronielson Araújo, o B-Boy Kapu, também compartilha da mesma opinião. “É uma chance para aprimorarmos a nossa técnica e criarmos coisas novas”, aponta. Além da repetição, outro fator desafiador para os B-Boys foi dançar no escuro, já que era preciso total escuridão no estúdio para que os leds e os múltiplos flashes dos estrobos captassem os movimentos, resultando no efeito desejado para a foto. “Precisa de equilíbrio redobrado no escuro. Já precisamos ter cautela no claro, imagina no escuro”, diz Denis Giaconto que contou com a experiência de anos como B-Boy para dimensionar o espaço de cada um dos seus movimentos.

Para Maragni, o envolvimento dos B-Boys durante os ensaios fez toda a diferença. “Apesar do processo exigir muito deles fisicamente, acho que no final das contas eles se divertiram também. Cada um quis superar a própria performance e trazer elementos diferentes dos demais e isso ajudou muito no resultado final”, conclui o fotógrafo.

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