10.9.09

Diversidade, beleza, contraste: o Brasil em 40 fotos


Exposição “Meu olho Esquerdo”, na Caixa Cultural São Paulo, reúne fotos do Brasil não-oficial captado pelo olhar peculiar de Ed Viggiani

A Caixa Cultural São Paulo, em São Paulo (SP), apresenta de 19 de setembro a 1 de novembro a exposição “Meu Olho Esquerdo", do fotógrafo paulistano Ed Viggiani. A mostra reúne uma seleção de 40 fotografias produzidas de 1988 a 2008, todas em P&B, período em que rodou os quatro cantos do Brasil e fronteiras registrando o contraste e a diversidade étnica-cultural do País. Elas revelam o brasileiro nas mais diversas situações do cotidiano sob um ponto de vista pessoal, muito além do registro do belo, um olhar que fita o povo, a cidade, o futebol, a religião e a condição social num instante nem sempre observado. Este é o conceito que molda e dá nome à mostra "Meu Olho Esquerdo": "Estou voltado para o anônimo, não à imagem oficial. É uma mania de andar na contramão", comenta o fotógrafo. Como resultado, temas aparentemente distintos como uma partida de futebol inserida no espaço urbano, romeiros de várias crenças unidos pela fé ou o cotidiano de uma família de migrantes se cruzam numa mesma linguagem visual que transpõe o estado anímico de realidades tão diversas deste Brasil de muitas nações, de muitos povos.

Forma e conteúdo
Enquanto a oposição do preto e branco imprime força nas imagens fotografadas e simboliza diretamente o Brasil dos contrastes, outro detalhe na forma desta produção de Ed Viggiani vale destaque. Todas as fotografias da exposição foram registradas em filmes analógicos, e as ampliações feitas manualmente em papel fotográfico. Segundo o artista, o que muda neste caso é a postura do fotógrafo que se vê impelido a registrar uma imagem conscientemente. “O filme me obriga a observar mais atentamente antes de disparar o dedo. É daí que sai a imagem, o trabalho documental”.



É claro que a foto também retrata seu próprio autor, o que ele pensa, sente, percebe, capta. Desde que começou a fotografar, aos 20 anos, Ed Viggiani mantém coerente o discurso social em sua produção fotográfica, engajamento que move sua carreira desde o primeiro trabalho que realizou quando ainda era estudante de Ciências Sociais na USP, em 1978, em solidariedade à causa dos pescadores caiçaras de Trindade (RJ) que lutaram contra a construção de um condomínio de luxo em área de preservação ambiental na região.

A exposição “Meu Olho Esquerdo” será aberta para convidados e imprensa no dia 19 de setembro, sábado, às 11h, com participação do fotógrafo.



Ed Viggiani
Paulistano, autodidata, o fotógrafo Ed Viggiani nasceu corinthiano em outubro de 1958. Começou a fotografar em 1978, quando já colaborava com diversos órgãos da imprensa como fotojornalista.

Em 1981, trabalhou no Jornal O Povo, de Fortaleza (CE), com Chico Albuquerque (1917 – 2000), lenda da fotografia no Brasil e fotógrafo de reconhecimento internacional, e um ano foi assistente de Chico Albuquerque no estúdio da agência Mark Propaganda em 1982. Seguiu para o Rio de Janeiro (RJ), onde de 1983 a 1984 trabalhou na sucursal da revista IstoÉ.

De volta a São Paulo, fez parte da equipe de fotógrafos nas revistas IstoÉ e Veja, nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, e na sucursal paulistana do Jornal do Brasil. Em 1991 fez a primeira individual com "Matando o Tempo a Golpe de Luz", na Galeria da Fotoptica, exposição premiada como a melhor do ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). No mesmo ano recebeu o prêmio The Mother Jones International Fund for Documentary Photography, em São Francisco, EUA, pelo ensaio fotográfico “Irmãos de Fé”, que retratava a religiosidade popular no Brasil.

Em 1993, apresentou a exposição "Paris em Preto-e-Branco" no Museu de Artes de São Paulo (MASP). Foi idealizador e coordenador editorial do livro "Brasil Bom de Bola", em 1988, lançado nas principais capitais do Brasil e no Museu do Louvre, em Paris, França, durante a Copa do Mundo.

Em 1999 recebeu o prêmio J.P. Morgan de Fotografia com o trabalho "O Retrato da TV", cujas obras foram adquiridas e integradas ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

Ainda no final da década de 1990, participou do projeto Brasil sem Fronteiras, cujos ensaios estão reunidos no livro homônimo lançado em 2001 e em 2002 recebeu o Prêmio Abril de Reportagem Cultural pela matéria “Alma Caipira", publicada na revista National Geographic.

É autor do livro de fotografia “Brasileiros Futebol Clube”, publicado em 2006 com apresentação de Luis Fernando Veríssimo, obra que foi objeto de estudo no currículo do Curso de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da USP, em 2008.

Suas obras integram os acervos fotográficos do Museu de Arte de São Paulo (MASP), do Instituto Cultural Itaú de São Paulo, da Casa da Fotografia Fuji e da Fundação Suíça para a Fotografia, em Zurique. Atualmente, Ed Viggiani colabora também para diversas editoras e agências de notícias e de fotografia.

Ademar Assaoka
Designer gráfico, iniciou sua carreira em 1968 na revista Veja. Foi editor de arte e autor de diversos projetos gráficos de revistas como Ícaro e Contigo, do jornal Gazeta Mercantil, além de projetos para comunicação empresarial. Durante sete anos dirigiu a premiada Revista Goodyear. Editou livros como “Fortaleza 27 graus”, “Soluções de Palhaços”, “Benditos” e “Brasil Sem Fronteiras”. Assaoka coleciona premiações o design nacional, como Prêmios Aberje, prêmio da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, Prêmio Ouro do Clube de Criação de São Paulo, Prêmio Classic de Artes Gráficas, da Cia. Suzano de Papel e Celulose, Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, da Abigraf, e tem seu trabalho publicado na revista Print America’s Graphic Design Magazine, uma das principais revistas dedicadas ao Design Gráfico nos Estados Unidos. É parceiro de trabalho com Ed Viggiani há 22 anos.

Serviço
“Meu Olho Esquerdo”
De 20 de setembro a 1 de novembro de 2009
De terça a domingo, das 9 às 21h
Entrada franca
Caixa Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 - São Paulo (SP)
Galeria Humberto Betetto
Fone: (11) 3321-4400
www.caixa.gov.br/caixacultural

1 comment:

Unknown said...

A exposição é bárbara, viva, forte, real. Linda!