13.10.09

Gilberto Salvador no MCB

O arquiteto e artista plástico lança no dia 17 de outubro, às 11 horas, no Museu da Casa Brasileira, o livro “Gênesis”, com reprodução de 53 objetos tridimensionais. O livro traz ensaio de Maria Cecília França Lourenço, professora de História da Arte da FAU- USP, com retrospectiva do artista, imerso na efervescência cultural do final dos anos 60. A publicação é uma coedição da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e do MCB.

Gilberto Salvador – Gênesis
Texto: Maria Cecília França Lourenço
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo / Museu da Casa Brasileira
152 páginas
R$ 65,00

Com mais de quarenta anos de atuação no Brasil e no exterior e obras em museus e espaços públicos de várias cidades, Gilberto Salvador expõe até dia 25 de outubro 30 peças tridimensionais nos jardins do Museu da Casa Brasileira (MCB). O artista, que iniciou sua trajetória no Salão Jovem Artista do MAC e na Bienal de São Paulo nos anos 60, lança o livro Gênesis no dia 17 de outubro, às 11 horas, no MCB. Coedição da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e do MCB, o livro apresenta reproduções das obras presentes na exposição e outras, em um total de 53 peças. No volume também constam cronologia do artista e ensaio esclarecedor de Maria Cecília França Lourenço, professora de História da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Uma versão em inglês dos textos fecha o livro.

O currículo de Salvador reúne nove Bienais, mais de 60 exposições individuais e de 100 coletivas desde suas primeira participações em mostras, em 1965, no Salão de Arte Contemporânea de Campinas (Museu de Arte Contemporânea – MACC, Campinas) e na Galeria do Teatro de Arena, em São Paulo. Possui obras em acervos públicos, tais como na Cinemateca Brasileira, no Museu de Arte Contemporânea (MAC – USP) e no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo. Instituições como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo já abrigaram individuais suas (“História Natural do Homem Segundo Gilberto Salvador” e “O reino Interior”, respectivamente). Salvador formou-se arquiteto na FAU em 1973, mas desde 1964 direcionou-se para as artes visuais.

“Gênesis”, exposta de 13 de setembro a 25 de outubro no Museu da Casa Brasileira, reúne 30 objetos tridimensionais com formas geométricas regulares e irregulares, além de seis peças de parede. Salvador trabalha com séries combinando elementos semelhantes; do deslocamento de alguns fragmentos de cada objeto revelam-se obras com seus ritmos, cores e movimentos próprios. Em algumas obras, predomina um aspecto clean, com contrastes entre cores, formas côncavas e convexas, cheio e vazio. “Há sempre um novo ângulo diferenciado a ser explorado, de maneira lúdica”, comenta Maria Cecília França Lourenço. A professora observa, em seu ensaio, os diálogos gerados a partir da instalação dos objetos nos jardins do museu. Destaca “o rigor construtivo em contraste com o emaranhado das direções tomadas pela vegetação” e “a própria relação encetada individualmente no diálogo arte versus espectador, pois a expografia permite contorna-las de forma amigável”.

Ela retoma a história da arte – de Leonardo da Vinci, passando pelo século XVII, das Luzes – para trazer à discussão o papel social do artista e a função dos museus. Reconstitui a “época pungente” em que Gilberto Salvador surgiu, os anos 1960, enriquecendo sua análise sobre a obra do artista a partir do entendimento do contexto artístico dos anos pós-Golpe Militar. “As edições da Bienal Internacional de São Paulo assumem um papel expressivo, tanto em expor poéticas emuladas em outros países, atualizando o meio, quanto na condição de ensejar interfaces entre as questões políticas do País, irradiadas para outros quadrantes, em período crescente de censura”, escreve.

Além de trazer reproduções das obras expostas no MCB, o livro traz outras peças do artista, somando um total de 53 imagens coloridas de diferentes objetos. Trabalhos como Rodante I, II e III, da série Sementes, e Lagosta e Zíper Escorpião, da série Mecânica, estão presentes tanto na exposição quanto no livro. Tripholio, objeto exposto nos jardins do MCB, ganha na edição um “making of”: uma série de fotografias dos estágios de produção da obra, que tem as dimensões de 2,30 x 2,70 x 2,00m e é constituída por uma estrutura de madeira e aço inoxidável e recoberta por fibra de vidro e resina goffrato. Além destes materiais, Gilberto Salvador também se utiliza de bronze, aço inox, acrílico e bolinhas de pingue-pongue no seu trabalho.

“O artista aprofunda assuntos plásticos e culturais, revendo e criando novas aberturas, tanto para se pensar a atualidade quanto a própria transformação artístico-cultural, renovada em cada etapa”, conclui Lourenço, que destava a desenvoltura com que Salvador passeia entre passado e presente, abrindo espaço para novas gerações, como antes lhe fizeram os integrantes da geração dos concretistas paulistas.

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