19.10.09

LAM: gravuras


A maior mostra de gravuras de Wifredo Lam, o mais importante artista plástico cubano e um dos expoentes da pintura moderna e do movimento surrealista, será exibida na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, de 21 de outubro de 2009 a 3 de janeiro de 2010. LAM: gravuras é a primeira exposição do artista no Brasil e reunirá 140 gravuras e 4 desenhos.

A exposição, produzida pela Tisara Arte Produções, com curadoria de Paulo Venancio Filho e patrocínio da Caixa Econômica Federal, percorrerá mais de quarenta anos da obra do pintor e gravador cubano, desde os desenhos que serviram de ilustração para o livro de poemas “Fata Morgana”, do poeta surrealista André Breton, publicado em 1941, até as últimas gravuras, realizadas em 1982.

LAM: gravuras irá apresentar o mais importante conjunto de gravuras que o artista realizou, além das séries de ilustrações que fez para livros dos poetas e escritores com os quais conviveu, como André Breton, Antonin Artaud, Renée Char, Aimé Cesaire, Ghérasim Luca e Gabriel Garcia Márquez, entre outros. Também fará parte da mostra um grupo de gravuras inspiradas na mais famosa pintura de Wifredo Lam, “A Selva”, realizada entre 1942 e 1944, pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.

Paulo Venancio Filho ressalta que essa exposição irá corrigir uma lacuna no cenário artístico nacional, que jamais exibiu uma mostra individual do artista no país. “Lam teve participação em duas Bienais de São Paulo e também na exposição ‘Arte de Cuba’, realizada em 2006. Entretanto, uma exposição individual, como mereceria, nunca foi realizada. Felizmente, isso acontece agora”, afirma o curador.

Todos os trabalhos da exposição – que formam um dos mais significativos conjuntos da obra do artista – foram selecionados do acervo da Associação de Amigos de Wifredo Lam, com a colaboração do filho do artista, Eskil Lam, que virá ao Brasil na época da abertura da mostra, assim como Jacques Leenhardt, da Associação Internacional de Críticos de Arte, de Paris. A edição de um catálogo bilingue, com textos de Paulo Venancio Filho, Xênia Bergman e Jacques Leenhardt, diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, além de imagens de todas as obras, completam a exposição.

Lam: gravuras tem o objetivo de aprofundar o caráter surrealista manifesto na obra do artista, tanto no registro da linguagem plástica como no pioneirismo que tanto atraiu a atenção de estudiosos, escritores e artistas do mundo todo. Através da obra de Lam, é possível reconhecer traços "advant la lettre" da conversão de sincretismos naturalizados no modelo picassiano ao lado dos códigos já modificados nas Antilhas mestiças como uma entre outras fontes de apropriação da etnografia do pintor cubano.

O artista
Wifredo Lam foi o mais importante pintor cubano e um dos expoentes da pintura moderna e do movimento surrealista, tendo obras vendidas na casa dos US$ 2 milhões. É o artista cubano que obteve maior reconhecimento internacional em vida. O contato na Europa com a arte africana, com os cubistas e, de modo mais definitivo, com os surrealistas, fez o artista voltar os olhos para a sua terra natal na busca das expressões autênticas da ilha.

Wilfredo Lam nasceu em Sagua La Grande, Cuba, em 1902. Filho de um chinês e de uma mulata cubana, teve a infância marcada por sua madrinha, Mantonica Wilson, destacada sacerdotisa afro-cubana. Em 1923 formou-se no curso da Academia de Bellas Artes San Alejandro, em Havana. Durante os primeiros anos da década de 1920, exibiu seus trabalhos no Salão da Associação de Pintores e Escultores de Havana. Em 1923, foi para a Espanha, em busca de horizontes artísticos mais vastos. Estudou no ateliê de Alvarez de Sottomayor – pintor acadêmico (mestre de Dalí) e diretor do Museu do Prado, em Madri –, onde travou contato com as obras de El Bosco, Brueghel e Goya.

O "criollismo" de Lam, interessado em temas rurais, se orienta em outras direções do afrocubanismo vanguardista, expressado na representação de cenas vernáculas, de música e dança, criando novas iconografias, distante de visões pitorescas ou bucólicas. Suas obras estão nas melhores coleções de arte contemporânea do mundo, como a obra "A Selva", pertencente à coleção do MoMA e considerada um dos mais emblemáticos trabalhos do artista.

Em 1938, viajou para Paris, onde conheceu Picasso; no ano seguinte, expôs na galeria de Pierre Loeb. Com o início da Segunda Guerra Mundial e a invasão alemã na França, Lam foi obrigado a deixar Paris, em função das suas convicções antifascistas e da sua origem cubana. Refugiando-se em Marselha, conviveu com expoentes da vanguarda francesa, em especial André Breton e os surrealistas. Breton, impressionado com as pinturas de Lam, pediu-lhe para ilustrar seu poema “Fata Morgana”. Ao regressar a Cuba em 1941, impressionou-se com as difíceis condições de vida em que se encontravam seus conterrâneos. Nesse cenário, pintou a obra ‘A Selva’ (1943).

Os anos 40 foram de constantes viagens entre Cuba, Paris e Nova York, onde fez várias exposições na Galeria Pierre Matisse. Em 1952, transferiu-se para Nova York. Em 1964, instalou-se em Albisola Mare, na Itália, e lá conheceu Asger Jorn, um dos fundadores do grupo COBRA, que o iniciou na arte da Cerâmica. Neste mesmo ano, recebeu o prêmio Guggenheim International Award. Faleceu em 11 de setembro de 1982, em Paris.

SERVIÇO:
Exposição ‘LAM: gravuras’
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3
Av. Almirante Barroso, 25, Centro, Rio de Janeiro (Metrô: Estação Carioca)
Abertura: 21 de outubro de 2009, às 19h (para convidados e imprensa)
Visitação: De 22 de outubro de 2009 a 3 de janeiro de 2010.
Horário: De terça a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 10h às 21h
Telefones: (21) 2544-4080 / 2544-1099 / 2544-7666
Entrada franca
Classificação Livre

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