28.6.10

Exposição “Viva Pagu”

A exposição “Viva Pagu”, que abre ao público a partir desta quinta-feira (1), tem curadoria de Lúcia Teixeira Furlani e traz cartas, manuscritos e fotografias inéditas da musa modernista. No mesmo dia será lançada a fotobiografia “Viva Pagu”, de Lúcia Maria Teixeira Furlani e Geraldo Galvão Ferraz, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Editora Unisanta.

Mulher múltipla, Patrícia Rehder Galvão (1910-1962) foi jornalista, musa modernista, romancista, militante comunista, poeta, desenhista, incentivadora da cultura brasileira e da cultura universal. Para marcar o centenário de seu nascimento, a exposição “Viva Pagu”, baseada no livro homônimo, traz manuscritos inéditos de suas obras, cartas escritas por Pagu, fotografias legendadas por ela e cadernos. A curadoria é de Lúcia Maria Teixeira Furlani, autora de vários livros sobre Pagu. A exposição acontece na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37 – Bela Vista – São Paulo, SP) de 1º de julho a 8 de agosto.

Dividida em três atos, a exposição apresenta Pagu destrinchando silêncios e, no mínimo, intrigando seu interlocutor. Em destaque, a realidade brasileira dos anos 1920 aos anos 60 , com suas tensões políticas e manifestações culturais.

O primeiro ato fala do surgimento da musa; o segundo aborda a miltância política, a entrega total a uma causa; o terceiro mostra a jornalista antenada com o novo, a militância cultural, o amor à arte, à literatura e ao teatro. As frases que designam cada ato foram retiradas de poema de Patrícia Galvão. No ato I, “Lê em meus olhos todos os consentimentos”; ato II: “Mata tua sede na pedra que se fez fonte”; e no III, “E te encanta com a paisagem contraditória do meu ser “.

As peças que compõem cada ato – na maioria inéditas – discursam, dialogam e contrastam entre si, fazendo aparecer as múltiplas Patrícias. São memórias, textos, depoimentos, cartas, narrativas, manifestações literárias, rastros de Pagu e de seus companheiros de viagem, registros minuciosos – inclusive informes reservados e prontuários do Deops. Elas retraçam o rico itinerário de Pagu, que riscou fronteiras desconhecidas, definiu abismos e atravessou continentes. E servem também para construir um perfil da intelectual transgressora que marcou a vanguarda do século 20.

O objetivo da curadora é recuperar o sentido dos gestos de Patrícia Galvão e da vanguarda do século 20 no Brasil para o público. “A identificação com os sonhos e ideais de Patrícia Galvão nos faz entender sua época e sua história de vida, ligada à luta pela liberação das minorias sociais, pela superação dos preconceitos, pelo espaço de construção da cultura brasileira, elegendo a arte como o caminho capaz de garantir o acesso à brasilidade. A identidade de Patrícia liga-se à renovação, à ousadia, à ruptura. A renovação é, muitas vezes, confundida erroneamente com ausência de memória. Ledo engano. Sem memória, sem o confronto com o velho, não existiria renovação. Por meio de suas posições nacionalistas, o seu compromisso com o futuro se estabelece justamente através da releitura do passado brasileiro”, afirma Lúcia Teixeira Furlani.

O interesse de Lúcia por Pagu é antigo, data dos anos 1980. De lá para cá, Lúcia constituiu um importante acervo – de onde veio boa parte das peças expostas –, lançou três livros sobre Pagu, fez debates, exposições e fundou o Centro de Estudos Pagu Unisanta, que reúne ao redor de três mil documentos catalogados.

As peças apresentadas na exposição estão no livro “Viva Pagu – Fotobiografia de Patrícia Galvão” (Imprensa Oficial/Unisanta), que Lúcia escreveu em parceria com o jornalista Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu e que terá lançamento junto com a abertura da mostra, na Casa das Rosas. A exposição tem a colaboração de Geraldo e do neto de Pagu, Rudá K. de Andrade , que se encarrega da videoinstalação.

Também faz parte da programação na Casa das Rosas uma exposição que integra o terceiro ato, “Olhos de Fazer Doer – O Sagrado Oculto”, na qual 27 artistas plásticos santistas apresentam trabalhos inspirados em Patrícia Galvão.

Fotógrafos, desenhistas e pintores partiram de textos de Pagu e produziram obras que destacam ideias, valores e traços da personalidade da homenageada. A curadoria é de Gilson de Melo Barros.

Curadoria
Lúcia Maria Teixeira Furlani é Mestre e Doutora em Psicologia da Educação, autora de “Pagu – Livre na imaginação, no Espaço e no Tempo”, “Croquis de Pagu” , e dos infanto-juvenis “Tudo é Possível” e “O Segredo da Longa Vida”, entre outros. É presidente da Universidade Santa Cecília e presidente do Centro de Estudos Pagu Unisanta, em Santos.

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