10.11.09

Pierre et Gilles mostram suas obras no Rio de Janeiro

Pela primeira vez no Brasil, a dupla inaugurou, no dia 9 de novembro, sua exposição “A apoteose do sublime”. Pierre Commoy, fotógrafo, e Gilles Blanchard, pintor, são conhecidos no mundo inteiro como “Pierre et Gilles”. Nomes consagrados da arte contemporânea e ícones da cultura gay, o casal leva pela primeira vez ao Brasil suas fotos com poses ousadas e retoques altamente estilizados, na exposição “A apoteose do sublime”, evento oficial do Ano da França no Brasil.

A mostra, que conta com 25 quadros fotográficos de tiragem única e em grandes dimensões, foi inaugurada no dia 9 de novembro e permanecerá até o dia 17 de janeiro, no espaço Oi Futuro, no Rio de Janeiro, com entrada franca. A cidade não foi escolhida por acaso. “O trabalho deles tem tudo a ver com o Rio. Esbanja sensualidade e tem uma representação multiétnica. A forma com a qual eles transformam seus modelos, criando todo um universo além da fotografia, lembra um pouco o carnaval”, avalia Marcus de Lontra, curador da exposição.

Outra semelhança com o Rio: as obras da dupla contêm muitas referências aos santos. Uma delas, que tem como modelo o brasileiro Jaime de Oliveira, representa São Sebastião, padroeiro da cidade. Os artistas também destacam a dimensão internacional do seu trabalho: “No Japão, alguns se identificaram com a mistura de violência e suaves das nossas telas. Na Rússia, com a referência aos ícones de santos ortodoxos. Aqui, podemos notar, além das imagens religiosas, a sensualidade, a leveza, mas também esse lado triste da saudade, que fazem parte do nosso universo”, observa Gilles Blanchard.

Depois de passear pelos principais pontos turísticos dois dias antes da inauguração, a dupla pretende agora buscar aqui no Brasil inspiração para futuras obras. “Estamos muito interessados na figura de Iemanjá e nos sincretismos afro-brasileiros”, diz Pierre Commoy.

O público ficou admirado com o trabalho diferenciado da dupla. “O estilo deles é único, como essas cores exuberantes e esse jeito kitch. Eles são realmente atípicos no mundo das artes plásticas de hoje”, diz Sylvia Oiticica, professora do Liceu francês do Rio de Janeiro. “A pintura dá um toque irreal às fotos. Parece mágico”, comenta Luciana Cepelowicz, que foi ver a exposição com as amigas.

Gustavo Barrese, coordenador de recursos humanos, ficou feliz ao finalmente conseguir ver essas obras no seu formato original: “Eu já tinha visto o trabalho deles num catálogo. Mas hoje, é bem diferente contemplar isso ao vivo. Consigo perceber muito melhor o tratamento das imagens”.

É justamente para dar a oportunidade aos cariocas de ver de perto a obra desses grandes nomes da arte plástica atual que Maria Arlete Gonçalves, diretora de cultura do Oi Futuro, resolveu trazer essa exposição na cidade maravilhosa. “O nosso espaço sempre teve compromisso em mostrar o que é novo e ousado. Acho que o Brasil precisa ver o trabalho deles. Pierre et Gilles tem um olhar contemporâneo sobre as diferenças na sociedade e sobre a religiosidade. E o estilo deles, de fotografia com interferências de pintura, tem a ver com a nossa vontade de valorizar a arte através de novas técnicas e tecnologias”, diz ela.

Ela recebeu o apoio de Dimitry Ovtchinnikoff, adido de Cooperação e Ação Cultural do Consulado da França no Rio de Janeiro, que a apresentou a Jérôme de Noirmont, galerista dos artistas: “Essa exposição mostra mais um aspecto da diversidade artística da França. Pierre et Gilles também usam muitas imagens populares, que se encontram em muitas formas de artes aqui no Brasil”, comenta ele.

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