23.8.11

Felipe Morozini realiza exposição “Primeira Individual Retrospectiva" na Zipper Galeria

Artista, que ganhou o prêmio Street Art no Festival Babelgum, inicia sua primeira mostra em 17 de setembro

“Eu precisava falar”. É com esta máxima que Felipe Morozini conceitua sua primeira exposição, com início em 17 de setembro na Zipper Galeria, em São Paulo. Intitulada “Primeira Individual Retrospectiva", a exposição do multiartista apresenta imagens que tem capturado em 10 anos como fotógrafo.

São cerca de 50 obras, em que cada original ainda conta com tiragem de cinco edições. Felipe Morozini retrata expressões da cidade e de pessoas. Seu suporte é basicamente a fotografia, mas também utiliza colagens, pinturas, recortes, decalques antigos, e adesivos, sempre trabalhando a mão livre, para formatar peças de 1,5 x 1 metro, em média.




Nesta exposição, Morozini reúne seus trabalhos em séries, desde fotografias que receberam interferência de desenhos feitos com caneta hidrográfica até as imagens sobre as quais o artista aplicou decalques de avião, “atacando” emblemas da arquitetura paulistana (Niemeyers, Artachos e Catedral da Sé, por exemplo) e o modo de vida dos tempos atuais em série intitulada Invasões Bárbaras.

Altamente pessoal, a exposição apresenta o Last Floor Project: “um registro e catalogação da cidade de São Paulo e seus habitantes, sempre do mesmo ponto de vista, o último andar de um antigo edifício na Avenida São João”, conta o artista. Ela tem início com as obras Noiva do Vento e O Bico com as quais Felipe Morozini notou seu potencial de expressão. Quase um voyeur, ele tem intenção de fotografar a paisagem urbana, mas conforme amplia as fotos feitas com lentes de 300-500 mm, revela ações corriqueiras como um banho de sol, uma série de exercícios ou mesmo o reflexo de um espelho.

Primeira Individual Retrospectiva não é apenas uma exposição fotográfica. “Nela, desejo me expor em nome de uma experiência maior, sensorial”, reflete. Felipe Morozini apresenta a instalação inédita Cabelo ao Vento em que o espectador observa a obra ao passo em que uma lufada de vento complementa sua fruição. A mostra conta ainda com objetos do cotidiano criativo do artista, como brinquedos, porcelanas, espelhos, roupas, mobiliário etc.

Há também a série Psiu em que Felipe Morozini fotografou um cachorro durante anos. Primeiro, clicava o animal em repouso para, em seguida, chamar “psiu”. O cão se alarmava e uma nova foto era feita.

Outro conjunto de fotos é o Dreamers, que começou há oito anos no estúdio que também é a casa do artista. Os amigos que o visitavam eram fotografados no vidro da varanda que refletia a vista urbana e a sombra do artista. Dentre 150 retratados, Morozini selecionou 12.

Registrada em fotografias, a performance Jardim Suspenso da Babilônia traz a inquietação de Morozini frente ao Minhocão (Elevado Costa e Silva) onde, junto de 21 amigos, pintou flores de cal em toda a sua extensão. As fotos estarão expostas na Zipper Galeria, mas o vídeo circulou a internet e ganhou o Prêmio Especial do Juri na categoria Street Art no Festival Babelgum, presidido por Isabella Rossellini.



O vídeo também será exibido na galeria.

Lambe-lambes com frases de impacto foram colados em postes e paredes do espaço público em 2010 pelo artista e amigos, registrados em vídeo e fotos.



O curta Eu Preciso Falar foi selecionado para a edição 2011 do Festival de Curtas Metragens de São Paulo.


Felipe Morozini por Paula Braga, 2010.
(São Paulo, 1975).
Vive e trabalha em São Paulo.

É tudo verdade. Num prédio da Avenida São João, em São Paulo, um homem de corpo dourado e cabelos grisalhos todos os dias senta-se na varanda para olhar uma coleção de relógios. No outro prédio, todas as manhãs uma mulher bate bifes com um martelo de carne, no mesmo ritmo do sexo bruto que vive todas as noites. Um cachorro toma sol numa varanda cujo piso é trocado frequentemente: de ardósia para lajota para cimento.

Um homem jovem numa janela segura uma câmera e diariamente invade em zoom a vida dos vizinhos, registrando esses hábitos e mazelas. Depois, analisa as imagens e acha pedaços de poesia inintencionais. Amplia então a fotografia de uma mulher nua, numa área de serviço cujas paredes são deliciosamente gastas pelo tempo. Ela segura um espelho, que reflete seu bico do seio. O acaso tem uma face erótica, revela a fotografia de Felipe Morozini. Que o artista tenha escolhido a luz, o dia em que roupas coloridas formavam uma curva na parede cinza, e tenha esperado o corpo da mulher repetir a linha escura vertical que centraliza a composição. Aceito. Mas não foi ele quem mirou o espelho para o mamilo no instante certo. Foi o acaso. Extrativismo estético auto-sustentável: o fotógrafo colhe migalhas do belo que existem naturalmente no mundo real.

Voyeur, invasor, redentor da fealdade do campo urbano, Morozini admite a parceria com o acaso na construção do coeficiente de arte de suas fotografias. Como definido por Marcel Duchamp, “o coeficiente artístico é como que uma relação aritmética entre o que permanece inexpresso embora intencionado e o que é expresso não intencionalmente.” Felipe Morozini, assim, trabalha como artista e espectador de sua obra: clica intencionalmente e depois amplia o que não foi intencional. Talvez seja essa a fórmula da beleza convulsiva de suas fotografias do cotidiano paulistano, como “Noiva do Vento”, uma sequencia de quadros na qual uma cortina branca escapa da janela e abre-se toda para os carinhos do vento, liberada.

Felipe Morozini é bacharel em direito e há anos trocou a toga pela máquina fotográfica, com a qual desenvolve, além de seu trabalho artístico, fotografias para revistas e catálogos de moda. A cenografia é outro campo de atuação para esse artista que não sabia que era artista porque não acredita que existam não-artistas. Há arte nos gestos mais banais, na vida comum emoldurada pelas janelas que se debruçam para a Avenida São João.

Primeira Individual Retrospectiva, de Felipe Morozini @ Zipper Galeria
Abertura: 17 de setembro, das 14h às 19h
Período expositivo: 19 de setembro a 08 de outubro
Rua Estados Unidos, 1494, São Paulo/ SP
Telefone: (11) 4306-4306
Zippergaleria.com.br
Segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h/ sábado, das 11h às 17h
Grátis/ Livre


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